domingo, 9 de maio de 2010

Denúncia


crianças dormindo na rua
longe da escola
perto da esmola

plásticos sufocando o mar

morros a despencar
e ninguém prá dizer: “Alto lá!”


gente que não sabe ler

gente que não pode crer
gente que só quer ter


celular roubado na esquina

cueca escondendo propina
e a mesma sina
severina

infância violada

pela confiança destruída
pela hipocrisia sagrada


juventude entorpecida

flertando com a sorte
indo encontrar a morte


na faixa de Gaza

anjos caindo do céu
gente voando sem asa

( Cristina Van Opstal )













        Guernica
. Pablo Picasso ( 1937 )

sábado, 8 de maio de 2010

Vão

Por que razão esta
saudade me inquieta ?
Não deixei a porta aberta!
Sei que acabou
Sei que não há outro jeito
Sei que não é mais tempo...

Todavia esta saudade triste
invade, amiúde,
meio rude
acusando-me:
"Como pude?"

( Cristina Van Opstal )

domingo, 11 de abril de 2010

Será ?

Será que se pode amar duas vezes a mesma pessoa ?
Será que a mesma pessoa é ainda a mesma ?
Será que nunca deixou de ser amor ?

....................................................

Antes de o mar, mais uma vez, te trazer
Antes de ouvir o que teu coração tinha pra me dizer
Antes de teu olhar, de novo, me prender
Eu tinha tantas certezas...

( Cris Van Opstal )

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Por uma semiótica do saber


Uma saudosa homenagem ao meu querido professor Cidmar
Tive a honra de conhecer um verdadeiro professor !
Não digo que tive o privilégio, pois duas de suas principais características sempre foram a humildade e a convicção de que seu propósito – como pesquisador e professor – era o de compartilhar seus saberes com todos os que se dispusessem a aprender com ele. Portanto, seus ensinamentos nunca foram um privilégio de poucos...
Cidmar foi um verdadeiro professor,
pois derrubou muros enquanto construía pontes,
reconheceu os caminhos percorridos, estendeu a mão nas subidas íngremes e ampliou horizontes,
confortou, aqueceu, acolheu...
Cidmar foi um professor de professores...
Quando validava o saber do outro, descortinava o acesso aos saberes de tantos outros.
Desembaçou olhares, destruiu estereótipos, iluminou os caminhos a percorrer
Inquietou, despertou, inflamou...
Cidmar trouxe mais luz à ciência
e iluminou tantas platônicas cavernas
Com seus orientandos ( por vezes, tão desorientados...)
refletiu junto, discutiu, estabeleceu planos
Suas teorias não eram frias
nem pura demagogia
Fez de sua conduta o exemplo
Num caminho de mão dupla
Cidmar foi um sonhador de sonhadores
alçou voo pelas nuvens

mas sempre soube muito bem onde pousar
viveu difíceis embates
por suas ideias e sua ética
e sempre encontrou o equilíbrio:
isso foi o seu calor,
o seu parâmetro,
o seu quilate !
Cidmar é ainda um verdadeiro professor,
pois segue brilhando e iluminando
nas palavras e nos olhos daqueles que com ele conviveram
e com ele aprenderam a ser
mais competentes
mais humanos
mais éticos
mais felizes !
Obrigada, prof. Cidmar.