domingo, 12 de julho de 2009

A quem trai o traidor ?


Insidiosa serpente
sorrateira pelos vãos cotidianos
teu sorriso aparente,
engana, mente
camufla os danos...

Fere a mão que te estendem
fere a mão que te afaga
Esconde-se a fera na bela...
veneno escorre em palavras.

Do alheio a luz te incomoda
Inveja inflama, queima
Destila teu cinismo sem fim
Sobre o milenar irmão de Caim

Teu olhar de cobiça alimenta o fel
Oculta-se o mal do outro lado do véu

Voz suave sussurra
mascarando o perigo.
A presa, ingênua, confia
na promessa de abrigo.
Não espera a dor atroz,
não reconhece seu algoz,
e segue de mãos dadas contigo...

Mas também como se contesta
quem
se
esgueira
ardiloso
pelas
frestas ?

Os versos de Iago
espelham o reverso do amor
corrompem a fé,
sufocam a alma
imunes espalham
impunes a dor...

Um dia, no entanto...
a verdade se impõe...
Revela-se o traidor
o monstro por detrás do rosto
razão de tanto dissabor

Coração cheio de espanto
cheio de dúvidas e de pranto
desamparado se pergunta
“Como não vi tua face impura ?”

Traíste...
Feriste...
Mas o que tanto querias
não conseguiste !

Tua ingrata traição deixa cicatrizes,
mas, definitivamente, não cria raízes.

No outro, o brilho permanece
A amargura não lhe tem morada
Tanta dor enfim se desvanece
Ao futuro brinda na alvorada...

( Cristina Van Opstal, junho de 2009 )

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